São Bonifácio pode ter o maior acervo de casas enxaimel originais em SC

Nilma Mauewerk Derro anda pela sala da casa em São Bonifácio e mostra os detalhes que mantém intactos desde que o pai ergueu o imóvel em 1940. As madeiras cruzadas e os tijolinhos de barro à vista, detalhes característicos das casas enxaimel, estão um pouco desgastados com o tempo. Ela é dona de uma das mais de 120 casas originais da cidade, erguidas entre o fim do século 19 e o meio do século 20, um dos maiores conjuntos arquitetônicos do Estado. 

Uma pesquisa recente coordenada pela prefeitura catalogou e fotografou todos os imóveis. O resultado é um mapa detalhado do patrimônio histórico da cidade, que servirá de base para a produção de um livro sobre São Bonifácio. O professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Vilson Farias é o autor da obra que está em fase de finalização. 

A construção das casas, fruto de um trabalho coletivo dos moradores que se reuniam para cortar árvores e montar a complicada estrutura, não utilizava pregos e as tábuas eram numeradas para serem encaixadas depois. A madeira vinha cortada a golpes de machado, como mostram os pilares com cortes irregulares das casas. 

O professor Farias explica que algumas cidades de SC e do RS têm um número maior de casas enxaimel, mas São Bonifácio é recorde em construções originais: enquanto 50 das 240 casas de Pomerode, conhecida como a cidade mais alemã do Brasil, permanecem no lugar desde que foram erguidas, em São Bonifácio este número passa de 120. São casas montadas com técnicas da época e que se encontram em variados níveis de conservação até hoje. 

— Acredito que São Bonifácio tenha o maior potencial turístico da região, mas é pouco aproveitado. Fizemos um mapeamento das casas originais e pelo menos duas que iam ser incluídas no livro foram retiradas porque estão no chão. A culpa disso é a ambição de empresários que oferecem R$ 5 mil para os donos e vendem a madeira como material de demolição por R$ 50 mil nas grandes cidades — explica Farias. 

 
Madeira já era trazida cortada e numerada do mato
Foto: Alvarélio Kurossu

O secretário municipal de Cultura e Turismo, Esídio Moemster ressalta o fato de que as casas são ocupadas, e que é preciso trabalhar junto com os moradores para procurar uma solução. 

— As pessoas moram no nosso patrimônio histórico; isso é fantástico. Tombar as casas é fácil, o difícil é valer esse tombamento. Precisamos ajudar os moradores a manter as casas inteiras, porque compreendemos a dificuldade em cuidar de imóveis como esses. Uma das saídas seria transformar os principais em pousadas caso os donos não tenham mais interesse.

MATERIA RETIRADA DO SITE http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/09/sao-bonifacio-pode-ter-o-maior-acervo-de-casas-enxaimel-originais-em-sc-mas-patrimonio-corre-risco-de-desaparecer-4267849.html